
John Maddox fala sobre o ‘banzo’ na Obra de Conceição Evaristo. Crédito: Malu Carvalho
O “banzo” na poesia de Conceição Evaristo foi o assunto que trouxe o professor da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, John Maddox à PUC-Rio para conversar com alunos do Departamento de Comunicação. A convite do professor Gabriel Neiva, Maddox explicou a trajetória e escrita da autora mineira e comentou a literatura afro-brasileira no contexto nacional e internacional. O professor americano participa do programa Fulbright, que promove um intercâmbio cultural entre universidades do mundo inteiro.
Conceição Evaristo, que Maddox define como “a autora negra viva mais importante dos nossos dias”, é conhecida principalmente pela prosa, com “Olhos D’água” como obra mais conhecida. O professor propõe um olhar para a poesia da brasileira, que carrega traços da vivência como mulher negra, expressa na criação de palavras como “escrevivências” e no uso do “banzo”. O termo descreve um sentimento de melancolia e depressão profunda vivido pelo povo negro em razão do histórico de escravidão e perda das terras africanas. O professor defende o uso do “banzo” como um poder firmador de identidade.
– Evaristo tem um dom para criar palavras que descrevem as experiências dos afro-brasileiros. O contexto nos ajuda a entender porque ela escolheu o ‘banzo’ como temática. A fome e a luta para sobreviver na infância, combinadas com o apoio emocional da família e dos vizinhos, enchem a autora de ‘banzo’ por uma terra perdida. Falar da tristeza não é se fazer de vítima, é reconhecer essa dor e achar a esperança de lutar.
Ao invés da prosa, quando Maddox analisa a poesia de Evaristo, ele evidencia uma busca por analisar estes textos com o prestígio que merecem. Segundo o pesquisador, estas obras parecem à primeira vista ter menos importância em relação à identificação negra, mas a autora prova o contrário.