Malu Carvalho

Valentina Homem conversa com alunos sobre o curta-metragem “A Menina e o Pote”. Crédito: Malu Carvalho

Valentina Homem conversa sobre o curta-metragem “A Menina e o Pote”. Crédito: Malu Carvalho

O curta-metragem “A Menina e o Pote” levou a cultura brasileira ao Festival de Cannes de 2024, na França, quando estreou na Semana da Crítica. Formada em Jornalismo pela PUC-Rio, a diretora e produtora do filme, Valentina Homem, retornou à Universidade no dia 14 de abril para uma conversa com alunos de Estudos de Mídia sobre a obra. O bate-papo foi mediado pela professora Marcia Antabi, que ministra a disciplina Cinema, História e Memória, e de quem Valentina foi aluna em uma disciplina de edição em vídeo em 2002.

Permeada pela forma indígena de explicar o mundo e centrada nas culturas Baniwa e Yanomami, a produção narra a história de uma menina e um pote que guarda segredos e, quando é quebrado, abre espaço para um novo mundo. A história traz mitologias ameríndias a partir de um conto escrito por Valentina durante o Mestrado em Cinema e Artes da Mídia na Temple University, nos Estados Unidos, na qual também foi professora até 2016. A animação utilizou a técnica de pintura sobre vidro, feita pela artista plástica Tati Bond, para retratar a questão ambiental, tema que interessa Valentina há anos.

– Eu queria trazer para o curta esta ideia que está presente nas mitologias ameríndias de que o mundo já acabou. Um mundo antes do fim do mundo e antes do começo do mundo também. Trouxemos uma floresta em que existe potencial para tudo, que está sempre se transformando, e isto é a natureza.

A diretora define o filme como experiencial e sensorial, que explora temas a partir de um olhar indígena. Por causa dessas características, ela imaginava que não teria entrada no mercado europeu. Mas o curta estreou mundialmente na França, em uma mostra competitiva do Festival de Cannes, sob boas críticas da curadoria do evento. Valentina já havia participado da Semana da Crítica de Cannes em 2016 com o curta “Abigail” e comentou que estar em festivais como este é uma ótima oportunidade para fazer contatos e conhecer obras de outros profissionais.

– Cannes é um mercado, mais do que um festival. A recepção do filme foi maravilhosa. Recebi um e-mail da chefe de programação de curtas, Juliette Canon, que mostrou que o trabalho tinha alcançado todos os meios narrativos, estéticos e políticos aos quais ele se propunha.