
Alunos da Comunicação PUC-Rio conversam com a diretora de “Beleza Fatal”, Maria de Médicis. Crédito: Malu Carvalho.
As professoras Bruna Aucar e Tatiana Siciliano, que coordenam o grupo de pesquisa Narrativas e Consumo (PPGCOM/PUC-Rio), e a professora Letícia Hees promoveram uma conversa da diretora Maria de Médicis com alunos da Comunicação PUC-Rio no dia 5 de junho. Com três décadas dedicadas à televisão, Médicis agora traz esta experiência para o streaming. No bate-papo, a diretora revelou os bastidores de “Beleza Fatal” (Max), seu trabalho mais recente, compartilhou vivências de direção e abordou as transformações na linguagem melodramática e as especificidades na TV e no streaming.
A dinâmica da atividade foi diferente de uma palestra tradicional. O ponto de partida foi uma provocação da professora Letícia Hees, que perguntou as diferenças do melodrama na TV e no streaming. Maria de Médicis explicou que as narrativas pensadas para plataformas são mais fáceis de construir, pois são obras fechadas, com arco definido: início, meio e fim. Já na televisão, são abertas, e a trama é moldada de acordo com a recepção do público.
“Beleza Fatal” foi definida pela diretora e equipe como uma novela “botocada”, que está um tom acima na dramaticidade e nos assuntos abordados. Para Letícia, que ministra as disciplinas Narrativas Seriadas e Espectatorialidades e Narrativas Televisivas, isto é resultado da liberdade proporcionada pelas plataformas. Quando comparado com a televisão, o melodrama no streaming permite maior flexibilidade narrativa.
– A novela com o seu poder ocupa outros espaços e ganha outros públicos, como muitos estudantes daqui que já não estão em frente à grade da televisão aberta, mesmo que ainda seja muito potente. O diálogo é absolutamente fundamental. Ele enriquece a experiência em sala de aula, porque eu dou a teoria e trago referências. É muito bom quando vem alguém do mercado narrar as próprias experiências e dialogar com o que está sendo dito durante as aulas. Esses encontros são a cereja do bolo dos cursos que ministramos.
Durante o bate-papo, Maria de Médicis enfatizou a importância de um repertório cultural e referências variadas para quem trabalha com narrativa. Filmes, exposições, livros e música são fontes que alimentam a criação e ajudam a definir o tom da obra. Para a Coordenadora de Graduação do DCOM, professora Bruna Aucar, o olhar sobre o processo criativo e a experiência de mercado partilhados pela diretora reforçam a necessidade de uma formação que una prática, vivência acadêmica e trocas interdisciplinares.
– A palestra com uma profissional com uma carreira consolidada na indústria audiovisual brasileira proporcionou aos estudantes uma oportunidade de aproximação com os bastidores da criação televisiva contemporânea. O evento não apenas favoreceu o intercâmbio de perspectivas teóricas e práticas, como também evidenciou a importância da universidade como espaço de articulação entre formação acadêmica e os desafios do mercado atual – pontuou.
O encontro propiciou a interação entre alunos da Graduação e da Pós-graduação do Departamento de Comunicação, que, com a bagagem das disciplinas e grupos de pesquisa, puderam trocar conhecimentos com a diretora de “Beleza Fatal”. De acordo com a Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da PUC-Rio, professora Tatiana Siciliano, atividades como esta são essenciais para a interação de professores e profissionais com quem se especializa ou inicia os estudos no campo da comunicação.
– O diálogo de professores da Pós-Graduação e seus respectivos grupos de pesquisa com professores da Graduação é fundamental. Ao unir questões do campo da comunicação com dinâmicas da prática do mercado da área, e levar essas discussões para os alunos da Pós-Graduação e da Graduação, proporcionamos formação e reflexão.
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