Gilberto Porcidônio. Crédito: Rita Seixas.

Gilberto Porcidônio. Crédito: Rita Seixas.

A audiossérie “Chumbo e Soul”, a ditadura militar brasileira é revisitada a partir de uma perspectiva historicamente silenciada: a da população negra. Narrada pelo jornalista e ex-aluno do DCOM Gilberto Porcidonio, a produção conta a história do país que se cruza com a trajetória da própria família Porcidonio, cujos relatos compõem a narrativa. A série original da Audible, que é realizada pela Rádio Novelo, tem como fio condutor a música soul e os bailes black dos anos 70 e 80, símbolos da resistência cultural em um período marcado pela repressão.

Formado em Jornalismo e Ciências Sociais pela PUC-Rio, Gilberto é também repórter checador da Revista piauí e do podcast “Foro de Teresina” e integrou a equipe de pesquisa do premiado podcast “Projeto Querino”, idealizado pelo jornalista Tiago Rogero, produção da Rádio Novelo, e que ganhou o Prêmio Vladimir Herzog, em 2023. Como repórter de texto, ele tem passagens pelo Jornal do Brasil, O Globo e pela Revista piauí.

A música teve um papel central na escolha profissional do jornalista, que viu a área cultural como opção depois de um texto que escreveu em resposta a uma crítica do colunista e cineasta Arnaldo Jabor ao heavy metal. A maior influência, no entanto, veio por parte dos pais, formados em letras, que sempre incentivaram a leitura de jornais, livros e revistas. Ele cogitou seguir carreira acadêmica e ser professor, mas cita que o “bichinho da redação” o conquistou ainda na graduação no Departamento de Comunicação, quando ingressou no Projeto Comunicar. 

Divulgação Chumbo e Soul - Gilberto Porcidônio.Paralelamente à reportagem, Gilberto atuou como pesquisador em diferentes projetos, como “O Ritmo de Gil”, na plataforma Google Arts & Culture. Na profissão, o jornalista bebe de um conceito das ciências sociais de tornar comum o que é estranho ao pesquisador. Foi a partir desta linha que ele absorveu histórias familiares que ouviu durante toda a vida e as incorporou ao conteúdo do “Chumbo e Soul”.  

– Eu virei a voz do projeto. Na audiossérie, entrevistamos meus pais, meu tio, enquanto eles contam a história deles, nós contamos a história dos bailes. Abordamos o surgimento, contexto e legado com as vivências da minha família no meio. Foi esta história tão específica e pessoal que tomou este corpo. Se vocês têm histórias assim, que parecem banais, mas que escutaram a vida inteira e encantam as pessoas quando são contadas, aí está a linha que vocês têm que falar.