O uso cada vez mais intenso de mídias digitais em campanhas políticas como as de Jair Bolsonaro, no Brasil, Andrés Manuel López Obrador, no México, e Nayib Bukele, em El Salvador, tem impacto direto na comunicação política, com implicações para a democracia e as instituições na América Latina. Um exemplo disso é como as fake news se tornaram um recurso estratégico de campanhas políticas brasileiras, embora sua eficiência dependa de uma percepção de verdade, segundo profissionais da área.

Em contextos diferentes, os meios digitais podem favorecer diferentes espectros ideológicos, ajudando a eleger tanto governos populistas de direita, caso do Brasil, quanto de esquerda, no México, quebrando décadas de domínio de partidos tradicionais. A partir da análise das eleições de Bolsonaro e Obrador, os professores Arthur Ituassu (PPGCOM/PUC-Rio) e Manuel Alejandro Guerrero (Universidad Iberoamericana/ México) escreveram o artigo “Public Sphere and Political Communication Changes in Latin America: Digital Media and Democracy in Brazil and Mexico” (Mudanças na esfera pública e na comunicação política na América Latina: Mídia digital e democracia no Brasil e no México). 

Os pesquisadores apontam a segmentação, a radicalização e a equalização como fenômenos digitais que impactam a democracia brasileira e chamam a atenção para a captura governamental da esfera pública do México, com um discurso partidário e polarizado, que ameaça a independência das instituições eleitorais. O ensaio traz importantes considerações sobre populismo, o papel dos meios de comunicação e o uso de meios digitais por atores novos ou não-convencionais.

O artigo pode ser acessado no Journal of Latin American Communication Research (clique aqui).