
A pesquisadora e professora Patrícia Machado (PPGCOM/PUC-Rio) com livro “Cinema de Arquivo: Imagens e Memória da Ditadura Militar” (Sagarana Editora), um dos cinco finalistas da 2ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico. Crédito: Divulgação/CBL.
O livro “Cinema de Arquivo: Imagens e Memória da Ditadura Militar” (Sagarana Editora), da pesquisadora e professora Patrícia Machado (PPGCOM/PUC-Rio), foi um dos cinco finalistas da 2ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, na categoria Artes do eixo Ciência e Cultura. A obra reúne mais de uma década de pesquisa e faz um mapeamento minucioso de imagens e documentos não oficiais produzidos durante a ditadura militar brasileira (1964-1985) que recuperam a memória de protestos, perseguições e prisões políticas no período.
Apoiado pela FAPERJ, o trabalho começou em 2012 e partiu da descoberta de imagens até então desconhecidas do cortejo fúnebre do estudante Edson Luís, assassinado por policiais militares em março de 1968, filmadas pelo cineasta Eduardo Escorel. A partir deste material bruto, Patrícia passou a buscar filmes esquecidos em acervos públicos e privados, além de registros em prontuários, relatórios e documentos da polícia política.
Resultado da tese de doutorado defendida em 2016, o livro valoriza o contexto de produção das imagens encontradas ao colocar em foco a história de quem filmou, o que foi filmado e em que circunstâncias. A metodologia utilizada no doutorado de Patrícia foi desenvolvida pela historiadora francesa Sylvie Lindeperg.
A pesquisadora identificou uma rota clandestina de filmes que saíram escondidos do Brasil rumo à Cuba e à França. Fragmentos dessas imagens eram utilizados em cinejornais e documentários no exterior com o intuito de denunciar as violações de direitos humanos que ocorriam no país. São registros presentes no cinema de realizadores como Eduardo Coutinho, Eduardo Escorel, José Carlos Avellar, Olney São Paulo, Luiz Alberto Sanz, Chris Marker, entre outros.
Em 2023, Patrícia foi contemplada com o prêmio Jovem Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ, e conseguiu recursos para fundar o grupo de pesquisa Práticas do Contra-arquivo (PPGCOM/PUC-Rio). O projeto reúne pesquisadores e estudantes da graduação para o mapeamento, investigação, recuperação e análise de imagens em movimento produzidas nos anos da ditadura no Brasil. Para a pesquisadora, a indicação ao Jabuti Acadêmico reforça a importância de trabalhos que resgatam a memória do período.
– Muito feliz em ser finalista do Jabuti Acadêmico, especialmente por ver a pesquisa ganhando visibilidade. Não podemos esquecer que a memória da ditadura ainda está em disputa no país, há aqueles que negam ou se recusam a acreditar no que passou. O Jabuti ajuda a gente a lembrar a importância da pesquisa a partir das imagens e da elaboração de memórias do período, que continuam no nosso trabalho do grupo Contra-Arquivo, no PPGCOM da PUC-Rio.